quinta-feira, 22 de março de 2018

Caminhando com as difíceis datas





E assim entro numa temporada de introspeção...

Porque o corpo acusa as datas, e alma acolhe a insatisfação.

Começam as lembranças "há um ano atrás eu estava..."; "há dois anos atrás por esta hora.." - e aos poucos olhamos para o calendário e percebemos que 

o nosso corpo se prepara para a dor da recordação, para a mais presente lembrança do que jamais esquecemos.

E continuando na maré cheia de emoções recordo o mês em que gerava um mim uma vida e gerava a preparação para uma morte.

Cabia em mim toda a esperança das duas cadeiras no banco traseiro do carro.

Uns dias depois a cadeira veio vazia, e ventre cheio de emoções.

A noite era escura, e a alma perdeu-se no silêncio de uma viagem para casa.


A alma perdeu-se e não mais se encontrou da mesma forma...

E num só dia nasceu outra alma em mim, nasceu um novo olhar acompanhado de saudade e esperança, nasceu uma vida cheia de amor para dar, 

e nasceu também uma vontade de voltar a tocar e beijar o que jamais poderá ser tocado.


Ele voltou para dentro de mim, ela estava dentro de mim...

E na estrada da vida soube - que dentro de mim haverá espaço para "as duas cadeiras no banco traseiro do carro" mesmo que o carro esteja vazio.


E na estrada da vida eu soube, que caminhar seria o caminho...

E na estrada da vida eu soube, que o caminho é imprevisível, inconstante e por vezes inoportuno.

Mas pela estrada da vida eu sei que no fim do caminho eu vou saber, que todas as imprevisibilidades foram o que me fizeram caminhar em frente.


E pela estrada da vida em continuo, sem certeza de quando chega ao fim, mas sabendo que depois do inverno vem a primavera, e o inverno volta e de seguida a primavera.

E neste ciclo da vida sabemos apenas que basta estarmos verticais para podermos caminhar.


E pela estrada da vida eu escolhi caminhar pelas datas, pelas horas e pelas memórias sempre sabendo que em mim, são elas que me fazem estar vertical e caminhar.


Abraço-te no fim da minha caminhada.

Com amor,

Mamã Cláudia F.