domingo, 6 de março de 2016

Conversei com a Vida














Quero conversar com a vida...
Quero conversar contigo que me vês e que sabes o que são e serão as minhas aprendizagens necessárias.
Quero conversar contigo e perguntar-te se vou poder cheirar o meu filho para sempre, se vou poder dar-lhe o banhinho e adormecer no colo dele...
Quero que me mostres que estou a fazer tudo o que posso fazer porque o meu coração de mãe diz-me que é sempre pouco...

Também queria que me assegurasses o meu lado dependente, garantindo-me que ele terá sempre uma presença física na minha vida, garantindo-me que a mãe terra o acolherá até ser a hora suposta de ele ir (se possível depois de mim).

É isto que nos assombra todos os dias,  a nossa ligação física a um ser, que julgamos ser nosso.

Repara, eu carreguei-o no meu ventre, eu amei-o desde o primeiro segundo que soube que ele existia em mim, eu trouxe-o até ti... E confrontas-me com a realidade dura e crua que o posso perder?! 
Não estou revoltada contigo, nem comigo, na verdade está tudo certo.
E obrigada por acreditares que eu seria capaz de lidar com todo este pesadelo da melhor forma...
Obrigada por me mostrares que fracos são os que não tentam, e que a doença é apenas o Diagnóstico, tudo o resto é amor que nos move, e esse tu deste-me o prazer de o conhecer da forma mais pura e incrível.
Mas e o apego? Diz-me como lido com isso? 
Eu sei que ele não é meu... Mas é inevitável, eu sinto-o meu. 
É isso que me queres ensinar?!  
Talvez um dia eu tenha todas essas respostas, tu a pouco e pouco vais-me mostrando...
Eu sei que nem sempre pareces justa, mas depende da perspectiva, se não fosse teres-me posto á prova desta maneira, eu desconheceria para sempre todas as qualidades que eu aqui adquiri, eu desconheceria para sempre provavelmente, que sou capaz de o amar eternamente, mesmo com o medo de o perder fisicamente, eu sei, hoje, que o amarei para sempre...

Sabes? Hoje ele está aqui, hoje ele está bem, hoje ele riu, abraçou-me, beijou-me, e dormiu toda a noite a respirar ao meu ouvido. Foi tão bom. É sempre tão bom. 

Por hoje eu agradeço-te, por hoje tu mostraste-me que os meus medos não passam disso, e nada do que temo está a acontecer...
Por hoje, Obrigada.
Por tudo, Obrigada, não fazes ideia do filho maravilhoso que eu tenho, e mais, do privilégio que é.
Serei sempre a mãe deste ser incrível, já viste? Que orgulho.

Com amor, 
A MÃE DO DUARTE